Oficina - Fome II

MARYAM ASHKANIAN 


Acordo. Descubro que ainda é dia. O sol força ainda a entrada no quarto. Da janela escapam ainda alguns feixes de luz que rasgam a escuridão. Aguardo pacientemente.Pacientemente aguardo. Tenho fome. Grito: Tenho fome. Não há resposta. Bem o sei. Estou só. Volto à lassidão dos lençóis traçando um plano. Que esqueço mal encosto a cabeça no travesseiro. Esse cemitério. Acordo. Já cansado. Rodeado de escuridão. Finalmente rodeado de escuridão e de fome. Uma fome já insuportável. Uma fome finalmente insuportável. Finalmente pronto. É a hora.

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