Oficina - Viena
Entro na sala. Respiro e sorrio. Elevo ligeiramente a cabeça e encaro pela primeira vez o meu par. Durante uns segundos, o silêncio esmaga todo o espaço. A orquestra princípia a tocar, com um vienense sentido, o Danúbio Azul e todos os pares se movimentam em compasso, desenhando formas geométricas perfeitas no mármore rosado. A música vai ocupando, envolvendo todos os espaços, objectos e pessoas. Fecho os olhos e respiro. O meu corpo continua executando maquinalmente todos os gestos esperados, todos os passos estudados. Abro os olhos e encaro a perfeição que me rodeia, que me sufoca. Fecho os olhos e respiro novamente. Abro os olhos e deparo-me com os teus. Repentinamente, acordo no hotel, com a música ainda ressoando em cada centímetro de pele e com o meu cérebro fervilhando, procurando as horas que de forma incompreensível havia perdido.
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