Já disse à minha mãe. A Miquinhas um dia destes vai aparecer prenha a casa. A minha mãe ficou calada. Com o olhar perdido. E disse que eu estava a ser alcoviteira. Eu? A alcoviteira sou eu? A minha irmã é que anda para aí enroscada com um rapaz sem casamento marcado e eu é que sou esta e aquela. Mas sempre foi assim. A Maria bonita. A Maria que parece uma flor. Que canta bem. Que obedece à mãe. E eu? Desde que sou gente que ouço que não se entende como é que eu poderia ser tão feia, tendo pais tão bonitos. Os rapazes que só falavam comigo, porque queriam conhecer a Miquinhas. A minha mãe que sempre fez questão de me dizer que eu era, fui, sou muito difícil. Ou os espelhos que já quebrei e que me gritam sempre a mesma coisa.
Maria. Maria. Maria.
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