Stockholm
Saí do Moderna Museet e alguém me pediu se podia levar uma bicicleta de volta ao hotel onde estava hospedado. Dois táxis esperavam-me de portas abertas. Um tinha como destino uma discoteca alternativa na periferia e o outro uma discoteca no centro.
Deixei partir os táxis e as pessoas dentro dos mesmos. Durante alguns minutos interroguei-me longamente sobre a estupidez que foi ter-me responsabilizado por uma bicicleta que não era minha. Sobre a estupidez de não ter ido a mais uma festa.
Eram quase 2 da manhã e estavam 24 graus. Do museu via a lua espelhada na água. As pequenas e indolentes ondas ocupavam todo o espectro sonoro. Enquanto olhava para a bicicleta confirmei a distância e o percurso até ao hotel. 4 quilómetros. O percurso era simples. Sair da ilha pela ponte de Skeppsholmsbron e fazer a Strandvagen até entrar na ilha de Djurgarden pela ponte de Djurgardsbron.
Peguei finalmente na bicicleta. E automaticamente lembrei me do que já tinha bebido. Olhei em volta e percebi que estava completamente só.
Subi e comecei a pedalar. Primeiro lentamente. Depois à medida que fui sentindo o vento na minha cara fui acelerando. Quando atravessei a ponte de Skeppsholmsbron já planava. Levado pelo vento, pelo entusiasmo e pelo medo. Fiz a Strandvagen sem me cruzar com um único carro. No meio da avenida. Entre o mar e os palacetes. Pedalando cada vez mais rápido. Até ao ponto de quase não conseguir manter os olhos abertos. Até ao ponto de me esquecer onde estava. Até ao ponto de não saber para onde ia. Até ao ponto de não saber quem era.
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